"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Clarice Lispector

29.8.08

singular

Que minhas mãos caducas não se apeguem ao vazio e que minha mente não reproduza o que dizem ser coerente. Que eu não morra tentando agradar quem não me interessa e que minha personalidade não se perca diante dos iguais. Que eu grite bem alto para extravasar a tristeza e que corra a todo vapor para esquentar meu corpo, no inverno. Que eu viva muitos domingos de calmaria para reconhecer a agitação. Que eu passe por dias de correria que é para reconhecer a calma. Que eu sofra, e que do meu sofrimento eu saiba rir. Que nos meus supostos fracassos eu saiba enxergar a monotonia da perfeição. Que em lágrimas aparentemente amargas eu reconheça a singularidade do salgado. Que em críticas perversas, eu gargalhe superior e triunfante dentro de mim. Que eu saiba dar valor às coisas que te importam, mesmo que para mim não façam o menor sentido. Que eu reconheça e admire a sua experiência, mas que eu não me menospreze por não saber o que o tempo te ensinou. Que eu seja livre, livre e sábia...Que eu tenha sabedoria... Sabedoria nunca é demais. Sabedoria para reconhecer o erro, para entender que nem sempre se ganha e que no buraco não é o meu lugar... sabedoria para lidar com o orgulho e preparar a alma para receber elogios. Sabedoria para perder e entender quando se deve sair de cena... Sabedoria para enxergar que alma pode ser lama, que flor rima com dor, que melancolia não se parece com ousadia... depende do seu ponto de vista, depende de que ângulo você olha a vida e de que forma ela te vê...

24.8.08

mágoa

eu prometi,
eu prometi para mim mesma
me meter dentro de mim
esquecer um mundo lá fora
eu prometi não te ligar
nem pensar mais em ti
eu prometi fazer de conta
mas é que não dá ...
e em certos momentos
meu mundo não me basta
fico a todo momento
me pedindo calma...
mas é que no fundo eu não sei...
... eu não sei ter calma
enquanto a vida corre veloz
não aprendi a ter paciência
sou uma completa incoerência
tentando esquecer o que foi bom
talvez nem tão bom assim...
aprendiz da experiência...
é mágoa tudo que tenho por mim,
mágoa por não ter aprendido
a levantar no mesmo momento
é mágoa o que eu sinto,
mágoa por não estar de pé agora...
é mágoa,
é mágoa o que eu sinto
por mim e por você...

18.8.08

seguindo em frente

disseram que minhas palavras
são um tanto quanto melancólicas
que meu jeito é de mistério
que meu "eu" se esconde
já disseram que sou diferente
complicada, confusa
decidida e até indecisa
já me disseram tantas coisas
tantas coisas...
das duas uma:
ou eu sou surda
ou ainda acredito em mim...

17.8.08

no jogo da vida

o jogo não acabou

a cena ainda não terminou

quem brinca com a vida

vira autor e ator da própria história

vamos brincar

o dia ainda não acabou

as flores ainda não murcharam

meu sangue ainda corre vivo

minha alma pulsa abstrata

ainda pulsa abstrata dentro de mim...

vamos brincar mais um pouco

esqueça essa seriedade intrigante

se temos que perder algo

que perdamos a vergonha

o medo, a tristeza

esse olhar de tragédia sobre o mundo...

vamos brincar,

vamos gargalhar do que nos enoja

vamos ignorar o que nos afeta

vamos brincar de ser inocente

vamos inventar um mundo que nos acolha

vamos brincar... vamos brincar de ser feliz...

só palavras

nesses dias de mistério
amei sem que alguém soubesse
chorei sem que alguém ouvisse
gritei sem que alguém atendesse
ainda assim caminhei
e ainda me perguntam
o que fiz dos meus dias
ora,
amei, chorei, gritei
sem que alguém soubesse...
vivi sem que alguém percebesse
me criei forte sem que alguém visse
e ainda me perguntam pq a dureza
ora,
amei, chorei, gritei e me fiz forte
sem que alguém soubesse...
sem que alguém se desse conta
eu fiz de conta que estava tudo bem
mas sozinha,
eu amei, chorei, gritei, me fortaleci
e hoje estou aqui
escrevo singelas palavras
sem que alguém as leia...

15.8.08

castelo de areia

meu castelo é de areia
bate um vento e ele se vai
meu castelo seria de pedra
se você se fosse do meu coração
e quando a ventania chegar?
quem irá me proteger?
quem irá impedir
que meus pedaços
se espalhem por aí?
você não está por perto
no jogo da verdade
tudo parece mentira...
meu castelo é de areia
quem irá me proteger da ventania?

12.8.08

o amor é como um túnel escuro

a luz é o coração aquecido

a escuridão é todo o resto

faz tempo que não sei de você

é como se meus olhos

olhassem para o infinto

e nada de concreto conseguissem enxergar

é como mergulhar no vazio

e dentro de si nada encontrar

é como terminar o que não teve começo

perder o que nunca foi meu

esquecer o que nunca foi real

faz tempo que não sei de você

sei que se foi, só não sei de que forma

sei que está longe, só não sei onde

sei que demora, só não sei o quanto

faz tanto tempo que não sei de você!!!!