"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Clarice Lispector

1.12.08

coração enferrujado

uma avalanche de sentimentos vem à tona
sentimentos brotam em corações fracos
em mentes que não sabem esquecer
aprisionam em becos pequenos
onde se anda de um lado para o outro
porém a saída não se vê
os portões cantam na madrugada
a ferrugem evidencia a velhice
tal qual as lágrimas eternizam a dor
o nó na garganta é engolido
a provocação de si sobre si mesmo
parece superada... mas na verdade não foi
existe uma ferida aberta, ela ainda sangra
a cura não foi descoberta
enquanto isso ela sangra
remeto-lhe um olhar misericordioso
por vezes perdido
vago e descrente...
a dor de uns é a alegria de outros...
o sofrimento de uns é deleite de outros...
a vida prossegue
e ninguém inventou a cura pra minha ferida
talvez ela nunca se cicatrize
os portões se fecham...
ouço o ruído estrondoso e ensurdecedor...
de onde me encontro, já não posso mais te ouvir,
nem socorrer o seu pobre coração...
é tarde demais...
já não tenho forças para recomeçar ao seu lado...
apagam-se as luzes,
a história fica por terminar...

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