"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Clarice Lispector

27.12.08

a espera...

Realmente a maioria das coisas dessa vida é única...
De fato, as ruas que ouviram teus passos podem nunca mais ouvir...
Você pode nunca mais beijar a mesma boca,
Ou nunca mais sentir o mesmo corpo ....
De fato, inúmeras coisas são únicas:
Nascer, envelhecer, morrer,
Muitas vezes você se vê diante do absurdo,
Mas nada mais único que o absurdo...
Então, enquanto por aqui estou,
Não vou matar meus segundos,
Não vou asfixiar de ansiedade meus dias,
Não vou esperar por algo ou alguém...
Não vou não, não farei isso comigo...
Enquanto você espera pela morte,
Enquanto aquela que você ama não chega,
Enquanto você tapa os buracos dessa sua vida,
Enquanto você a remenda com trapos humanos,
Eu vou por aí...
Vou caminhar pelas ruas que ainda não ouviram meus passos,
Vou me libertar da pequenez humana,
Vou sorrir, chorar, viver,
Qualquer coisa, menos esperar...
Eu tenho pressa, eu tenho pressa
E não me quero presa,
A um querer falso que nem sabe ser falso,
A uma invenção absurda e melancólica...
E se por essas ruas tortuosas
Eu encontrar a mulher da sua vida,
Eu juro que a mando para você...
Embrulhada em papel de presente,
Com um laço vermelho amarrado ao pescoço,
E um lindo e simplório cartão assinado por mim...

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