acabou, acabou a poesia
acabou a inspiração
foram-se, simplemente foram-se....
e de longe apenas observo irem
como quem fica à beira do cais
observando o barquinho a sumir no horizonte...
é certo que de vez em quando
eu mergulho no profundo do meu ser
na tentativa de recuperar o que às vezes faz falta
tal como o ilhado se arrepende de ficar só no paraíso
e nada contra a correnteza
na busca desenfreada de alcançar a embarcação
que o levará para a cômoda rotina de seus dias iguais
é que às vezes a novidade dá medo
a expectativa de mudança causa medo, instabilidade
e quando a mudança chega
mostramos, inevitavelmente, nosso lado covarde
sentimos vontade de voltar
jogar tudo para o alto
e simplesmente voltar ao que nos é familiar
próprio, unicamente nosso
funciona como uma proteção
proteção covarde, ainda que contraditório
quando ouvi você falar do seu passado
dos amores que já experimentou
e da sua falta de atitude perante mim
eu permiti que a lágrima exprimisse a minha vontade
eu vi naquele momento minha figura solitária
à beira do cais.....
olhando o sol a se pôr....
os raios faziam das águas plácidas um lindo espelho....
naquele momento me desliguei do mundo.....
e busquei o que me dava paz, conforto...
conheci o mundo celestial
conversei com as flores
driblei o nó na garganta
levantei a cabeça e saí por aí
sem destino, sem caminhos certos
a liberdade era meu guia
talvez a incerteza do que era me apresentava a todas as possibilidades.....
qualquer coisa....
agora quero qualquer coisa
que me leve para longe das regras, longe do convencional....
talvez acordar tarde,
passar o dia fora de casa,
talvez, não sei, talvez...
a minha liberdade é generosa...
ela não me dita o que fazer....
liberdade,
a liberdade é um livro de páginas em branco....
26.10.07
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